Devaneio

Sentada na minha cama, olhava a paisagem lá fora.
O pensamento navegava e rodopiava no tempo, rodopios que deixava em suas voltas reflexos de memorias subvindas de uma angustia que penetrava fundo a alma.
As horas que completavam um dia, organizava uma história que passava dentro de uma cabeça que transformava a imaginação num fato ocorrido.
Uma sensação invadia meu corpo. A alma era assumida. O espirito se envaidecia.
Fui sentindo um clima de paz, amor e serenidade que entronizava na minha vida.
Fui despertada para o que estava acontecendo do mesmo jeito que ela, a sensação, entrou em mim.
A mesma paz, serenidade e amor penetrou no meu ego, fazendo-me sentir nas nuvens.
Refleti, procurei buscar nos meus pensamentos e nas minhas reflexões, uma explicação que me fosse plausível. Enquanto pensava e refletia, fui assumindo aquela sensação que me era muito boa de se sentir.
Suave, doce, uma sensação que não se tem uma maneira exata de explicar. Era só sentir. Era tão boa que eu não queria parar de senti-la. Eu a abracei como se tivesse envolta nos braços do próprio amor.
Voei no espaço e no tempo, não com o corpo, que continuava sentada na beira da cama, mas o espirito e a alma,de mãos dadas dançavam uma cantiga de roda, e rodopiava nos ares.
Eu aqui sentada na cama no meu quarto meditava e procurava sentir aquele envolvimento com a maior profundidade que pude. Ao mesmo tempo que gozava daquele devaneio tentava entende-lo.
Aos poucos descobri, com a certeza do meu coração, que aquela sensação só poderia ser enviada, ou melhor só poderia ser  a presença de um ser divino, só poderia ser a presença de um anjo que me buscava, buscava a minha alma e nela deixava penetrar o gozo de um amor que vinha ao meu alcance.
O fato é que eu correspondi à aquela presença e desfrutei de uma manifestação de amor provando que a distancia não existe quando se tem a nobreza de um grande sentimento unindo dois seres.
Vi então que era um anjo a me visitar.
Vi que era você.

                         autora      Leda Edna